
Primeiro o valor, depois a ferramenta — menos atrito, mais previsibilidade.
Introdução
Vamos combinar uma coisa: implementar ITIL (ou qualquer gerenciamento de serviços de TI) não é apertar um botão. É cozinha de restaurante em horário de pico: muita gente boa, muita receita boa… e ainda assim o prato pode sair frio se a orquestra não estiver afinada.
O objetivo aqui é simples: um papo reto para você identificar onde os projetos tropeçam e como endireitar a rota.
Os tropeços campeões:
- Falta de envolvimento da equipe — processo “de gabinete” não sobrevive ao primeiro incidente.
- Falta de planejamento adequado — sem mapa, backlog e critérios de pronto, o time anda em círculos.
- Não considerar as necessidades da empresa — copiar o vizinho dá comida sem tempero (e sem valor).
- Falta de treinamento adequado — ferramenta sem contexto vira clique; prática sem propósito vira burocracia.
- Não considerar a manutenção — implementar é o começo; melhorar continuamente é o jogo.
Se em algum parágrafo você pensar “opa, isso acontece aqui”, perfeito: marque esse ponto como seu primeiro passo. E, se quiser um apoio imediato para nivelar conceitos, dê uma olhada no curso ITIL 4 Foundation da PMG Academy — é um ponto de partida sólido para o time falar a mesma língua e evoluir com consistência.
Antes de começar: os princípios-guia que salvam projetos
Eu olho pra você e digo: sem bússola, qualquer caminho parece atalho. Use os Princípios Orientadores da ITIL 4 como filtro de decisão do início ao fim: foco no valor, começar de onde você está, avanços em ondas com feedback, colaboração com visibilidade, olhar holístico, simplicidade prática e otimizar/automatizar quando fizer sentido. A fonte oficial descreve esses princípios de forma direta — vale conferir a página da PeopleCert sobre a base da ITIL.
Só para te ajudar, vamos ver algunas traduções dos jargões para o dia a dia:
- Catálogo de serviços: cardápio do que a TI realmente entrega, com prazo, qualidade e como pedir.
- Acordo de nível de serviço (ANS): combinado formal de tempo/qualidade entre TI e o cliente interno.
- Base de conhecimento: artigos curtos que ensinam a resolver sem depender sempre do analista.
Erro zero (bônus): começar pela ferramenta
Aliás, erro zero não, erro BÁSICO e infelizmente, frenquente. 🙁
Este é o sintoma clássico: o projeto abre com a compra da ferramenta e só depois alguém pergunta “quais práticas mesmo?”. Pausa dramática…
E como evitar? defina objetivos de valor, mapeie fluxos de valor (do pedido à entrega) e estabeleça requisitos mínimos por prática (incidentes, requisições, mudanças) antes da seleção da ferramenta. Na configuração, customização mínima e entrega em MVP (versão mínima viável) para validar rápido.
Sabe como provar valor? Se liga nestes indicadores:
- % de requisitos atendidos com recurso nativo;
- redução do tempo médio para restaurar (MTTR) após mudanças;
- queda no número de “gambiarras” e customizações proprietárias.
Viu? Simples, básico e funciona. Testa e me diga depois.
Apoio imediato PMG: se você precisa alinhar a equipe com um vocabulário comum antes da ferramenta, um curso introdutório de ITSM/ITIL 4 ajuda a poupar idas e vindas — veja opções na PMG Academy.
1) Falta de envolvimento da equipe (e do negócio)
Sem gente, não há gerenciamento de serviços. Envolver só a TI cria cegueira: quem usa o serviço precisa ser ouvido desde o começo.
Como ajustar:
- Garanta patrocínio executivo e responsáveis por serviço (quem responde pelo resultado).
- Construa o catálogo de serviços junto com as áreas de negócio.
- Planeje comunicação por persona (quem precisa saber o quê, quando e por qual canal).
Sinais de que deu certo:
- Adoção do portal de autoatendimento (mais de 60% dos pedidos entram por ali);
- Satisfação do usuário medida por serviço;
- Responsáveis por serviço nomeados e ativos.
2) Falta de planejamento adequado
Planejamento não é um cronograma bonito. É ter roteiro por ondas, critérios de pronto e um plano de riscos/benefícios claro.
Como ajustar:
- Monte um plano por ondas (MVP → expansão) com critérios de pronto objetivos.
- Faça mapa do fluxo para incidentes, requisições e mudanças: entradas, saídas, filas e indicadores.
- Amarre o plano a métricas de valor: tempo de restauração, taxa de sucesso de mudanças, adoção do portal e satisfação do usuário.
Fonte útil: O relatório DORA – State of DevOps descreve as quatro métricas de desempenho de entrega (frequência de implantação, tempo de entrega de mudanças, taxa de falha de mudanças e tempo para recuperar) que ajudam a medir fluxo com clareza (cloud.google.com/devops/state-of-devops).
3) Não considerar as necessidades da empresa (e compliance)
Copiar o vizinho dá errado porque cada empresa tem contexto, risco e prioridade diferentes.
Como ajustar:
- Traduza objetivos de negócio em objetivos e indicadores de nível de serviço (SLO/SLI) e em acordos de nível de serviço (ANS) realistas.
- Enderece requisitos legais: proteção de dados (por exemplo, GDPR/LGPD), auditorias e normas como ISO/IEC 20000.
- Para fornecedores críticos, defina contratos de suporte coerentes com o que você promete ao cliente.
Referência de base: os princípios e práticas da ITIL 4 dão estrutura para alinhar serviço a valor, reconhecida oficialmente pela PeopleCert visto neste Guia da ITIL 4.
4) Falta de treinamento adequado (por papel) e gerenciamento de conhecimento
Um “treinão genérico” na véspera do go-live não cria competência — cria pânico.
Como ajustar:
- Trilhas por papel (ex.: responsável por incidente crítico, responsável por problema, central de serviços).
- Serviço centrado em conhecimento (KCS): artigos curtos, criados e melhorados a partir das interações reais.
- Integre com a engenharia: evidências de mudança saem do pipeline (teste, segurança, segregação) e não de reunião.
Dado útil: o acompanhamento de métricas operacionais vem crescendo: 80% dos profissionais de atendimento afirmam monitorar “resolução no primeiro contato” em 2024 (pesquisa State of Service, Salesforce — salesforce.com).
5) Não considerar operação e melhoria contínua
Implementar é o começo. O que sustenta valor é a rotina de medir, aprender e ajustar.
Como ajustar:
- Mantenha um backlog de melhoria contínua com cadência (quinzenal/mensal) e responsável claro.
- Faça revisões pós-incidente sem caça às bruxas; registre causas e tendências e transforme em ações de prevenção.
- Use observabilidade e monitoramento para reduzir ruído e antecipar falhas.
Funcionou quando: ruído de alertas cai, incidentes repetidos diminuem e as ações de prevenção são concluídas — não viram “tarefas eternas”.
Blocos que quase sempre ficam faltando na primeira onda
Contexto rápido antes da lista: estes pontos são “buracos de valor” que, se ignorados, fazem o resto patinar. Selecione 1–2 para atacar agora, não todos de uma vez.
- Incidente crítico (Major Incident): comando único, comunicação clara, página de status.
- Mudança, versão e implantação: “portão” no pipeline, segregação de funções; comitê de mudança só para exceção.
- Configuração e ativos (CMDB/SAM) em versão “lite”: escopo pequeno, dono de dado e reconciliação automática.
- Conhecimento (KCS) integrado à central de serviços e ao portal para o usuário final.
- Requisições modeladas como catálogos reutilizáveis com prazos e automações simples.
- Fornecedores com metas e integração coerentes com o que você promete internamente.
Se você quer uma visão base para nivelar o time nesses blocos, a ITIL 4 Foundation da PMG Academy dá a moldura sem travar a prática.
Micro-checklist de implantação (primeira onda)
Antes de usar a lista, um aviso: a ideia é criar tração e aprendizado rápido. Isso aqui não é uma prova — é um guia para a ação.
- Mapa de serviços com responsáveis e objetivos/indicadores de nível de serviço.
- Catálogo com os 20 pedidos e incidentes mais frequentes (clareza de como pedir e de prazos). Tio Paretto cai como uma luva aqui!
- Ferramenta configurada no mínimo necessário (sem customização “mágica”).
- Operação funcionando: central de serviços colaborativa, incidente crítico, problema, mudança/versão básicos.
- Medição ativa: tempo médio para restaurar, taxa de sucesso de mudanças, adoção do portal, satisfação do usuário.
- Backlog de melhoria com metas e datas (quinzenal/mensal).
Se quiser um material de apoio para virar workshop, conversa comigo e eu te mando um rascunho; e, enquanto isso, dá uma passada na PMG Academy para ver caminhos de formação que ajudam a sustentar essa rotina sem drama.
Métricas de prova de valor (ajuste metas por serviço)
Contexto rápido: medir certo é o antídoto contra “sensação de progresso”. Escolha 3–5 indicadores que mostram valor percebido e fluxo saudável.
- Tempo médio para restaurar (após incidente ou mudança).
- Tempo de entrega de mudanças e frequência de implantação (inspirados nas métricas do DORA — veja o relatório oficial em cloud.google.com/devops/state-of-devops).
- Taxa de sucesso de mudanças (menos rollback, menos correção urgente).
- Adoção do portal de autoatendimento (pedidos e incidentes iniciados por lá).
- Precisão da base de configuração (itens críticos reconciliados, sem “órfãos”).
- Satisfação do usuário por serviço e por persona.
Conclusão
Implantar gerenciamento de serviços não é instalar software. É alinhar valor, enxugar fluxo e medir resultado de um jeito que o negócio entenda. Se você fugir do erro zero e cuidar dos cinco pontos com ondas curtas, links claros entre prática e valor e um punhado de métricas úteis, a operação respira — e o cliente percebe.
Resumo do espírito: menos atrito, mais previsibilidade.
Curtiu o papo? Descreva seu cenário em duas linhas (porte da equipe, ferramenta, maiores dores) que eu respondo com um rascunho de primeiro passo pra você testar já na próxima semana.
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